Numa saída de escola.
Eu ali,parada, com uma idéia fixa na cabeça.
Pele firme, cabelos na cabeça, espinha na cara, olhar assustado. Tudo que eu queria era gozar, mas gozar de um jeito avassalador, essas avassalações só acontecem quando surpreendo ou sou surpreendida ali, na hora, na cama. É impossível julgar o desempenho sexual de uma pessoa apenas olhando para ela e seu membro, por maior que seja.
Me deixei olhar por alguns jovens que saiam da escola, alguns tinham suas namoradinhas coroinhas à tira-colo, outros me olhavam com nojo, e alguns, apenas alguns poucos me desejaram. Eu escolhi um.
Usava óculos e tinha traços de menino virgem. Carregava, ao invés da tradicional mochila, uma pasta de couro velha, e ao invés de tênis, usava sapatos. Suas calças eram um pouco curtas, o que indicava, ou mal gosto, ou que crescia rápido demais, ou que sua família não tinha condições de vesti-lo adequadamente.
Há mais de dez anos meu marido não me fazia gozar, este fardo me dava um impulso, que dizia em minha mente que aquilo não era errado, era apenas questão de sobrevivência, questão de manter a sanidade, a auto-estima e os modos, tinha receio da histeria, doença seríssima. Não tinha a ver com amor ou gratidão, como em meu casamento severo.
Eu sabia das escapadas do meu marido, mas ele, não.
Comecei a ir diariamente a um café que ficava do lado da saída da escola. Fumava e esperava, quando o calças curtas saía eu apenas o sorria. Ao cabo de três meses de visitas diárias ele já me cumprimentava com empolgação. Então eu sumi. Por duas semanas tudo que ele via quando saía da escola eram seus colegas ordinários, ele não era desses, era especial.
Após a abdicação calculada, apareci novamente na porta da escola, desta vez em meu carro. Abri o vidro fumê e apenas acenei, sem sorriso.
Ele correu ate o carro, parou em frente a minha janela. Ficou mudo olhando nos meus olhos e uma gota de suor violenta lhe atravessou a testa. Era inteligente, sabia que tal gota havia lhe entregado a mim, o deixado vulnerável, mas sabia também de suas possibilidades certamente positivas, deu a volta no carro e entrou. Percebi que estava quase por cuspir seu coração, agora as gotas desciam mais velozes através de sua face sem pêlos. Sentou-se no banco da frente, eu decidi leva-lo a um motel, e decidi também que só falaria alguma coisa se ele falasse primeiro.
O caminho até o motel foi silencioso. Eu coloquei minha mão direita levemente sobre sua perna esquerda depois de passar a marcha. Ele estremeceu, estava morrendo de medo, eu chamo de excitação.
Chegamos ao motel, entramos no quarto e quando eu o encostei, ele ainda de roupas e segurando com a vida aquela pasta de couro, gozou. Pobre coitado. Achei fofo.
Eu ri, tirei suas calças curtas, sua cueca de pré adolescente e o chupei, com gozo e tudo. Ele respirava ofegante, seu óculos chegavam a embaçar. Ele largou a pasta e acariciou de leve meus cabelos, já brancos, apenas com as pontas dos dedos suados. Neste momento, ele, por conta própria tirou a camisa. Seu pau já estava muito duro, quando o olhei percebi que tinha um corpo lindo, lembrava o corpo do meu general quando nos casamos em Budapeste.
Eu o empurrei em direção a cama, ele caiu no chão pois estava com os tornozelos presos nas calças curtas. Tirou rapidamente sapatos, meias e calças curtas, pulou pra cima da cama de joelhos, abriu os braços e disse: você é linda.
Eu tomada por tal elogio, comecei a me despir, calmamente. Seu olhar havia se transformado, estava com um tom malicioso e era pura potência, muito diferente do menino esguio de calças curtas que eu havia perseguido por dois meses, o sexo faz isso com as pessoas. Eu o beijei. Ele beijava e gemia. Achei gracioso.
Nossos corpos nus eram excitação, desejo, paixão, os lençóis da cama já estava revirados, nós suávamos juntos, nos beijávamos.
Pele firme, rugas, cabelos brancos ou ainda negros, nada tinha importância, era sexo. Sexo real, verdadeiro. Quando se vive um tipo de relação tão intensa quanto a penetração, os corpos se transformam em um só, todos os dogmas, tabus, personas caem por terra, nada mais além do prazer se sustenta na cama. Entre quatro paredes, tudo pode.
Ele beijou cada centímetro do meu corpo que deitado parecia menos flácido. Estava apaixonado, pude ver. Sua penetração era intensa, cheia de tesão. Estava determinado a cumprir com seu papel de homem, mesmo sendo um menino. Me penetrou de todos os jeitos possíveis que assistira em seus filmes pornográficos. Acho pornografia perda de tempo, puro ensaio sem estréia.
Sexo.
Sexo.
Sexo.
Ele gozou. Eu também.
Deixou seu corpo cansado desabar sobre o meu. Tomou ar...
Foi tomar banho, eu me vesti, pedi um espumante e cigarros para ele, deixei dinheiro para ele pegar um taxi, desci, paguei a conta e fui embora.
Nunca mais vi.
Portas de escola não me apetecem mais.
Foi pontual, inédito e único. Intenso e perverso, do jeito que deveria ser.
MARIA CLÔ
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